domingo, 17 de janeiro de 2010

Sócrates: craque e ser humano fantástico

Faltou velocidade

A Internacional de Limeira tem um bom time de juniores. Alguns jogadores têm técnica bastante refinada, como Cauê e Luquinha.

Mas a habilidade, a técnica e a raça não suprem a necessidade de surpreender o adversário - ainda mais quando se trata de um time com um gigantesco respaldo estrutural como o Cruzeiro - por meio de jogadas rápidas.

A Inter, mesmo perdendo por 1 a 0, não mostrou disposição ofensiva. Não conseguiu engatar um contra-ataque com velocidade. Perdeu inúmeras bolas no meio-campo por pura falta de atenção. Em alguns momentos chegou a dar a impressão de displicência.

O técnico Betão Alcântara me pareceu excessivamente zeloso. Deveria ter mantido Cauê e colocado Rodrigo para jogar ao seu lado.

E se tomasse mais um gol? Ora bolas, qualquer time que precisa turbinar o setor ofensivo corre mais risco de tomar gols. O que não pode é ter medo.

Bem treinado, o Cruzeiro usou a falta de ousadia da Inter como quis. Em certo momento do segundo tempo, chegou a ficar meio desnorteado com as investidas pelo lado esquerdo. Mas logo o poder de ataque da Inter se arrefeceu e o time mineiro voltou a dar as cartas.

Ou seja, o Cruzeiro nunca se sentiu ameaçado e procurou levar o jogo em banho-maria. Afinal, já vinha de um jogo desgastante contra o Paraná, que exigiu muito da defesa cruzeirense.

O toque de bola da equipe azul celeste era muito melhor que o da Inter. A marcação deficiente do Leãozinho contribuía para a tranquilidade do time mineiro.

Por que a marcação estava falhando? Faltava mais volante? Pelo contrário. No primeiro tempo, foi justamente a falta de agressividade do ataque e distância entre os jogadores de meio-campo e os atacantes que permitiu ao Cruzeiro tocar a bola com certa facilidade na linha intermediária.

Se a Inter fosse mais incisiva no ataque, preocuparia mais o setor de meio-campo do Cruzeiro. E se os homens de criação leoninos tocassem com mais velocidade, exigiriam mais deslocamento dos atletas adversários, o que criaria mais espaços.

Agora, tocando a bola com lentidão, marcando de longe, carregando a bola demais, fica difícil superar um meio-campo entrosado como o do Cruzeiro.

Por outro lado, jogadores como Luquinha, Cauê, Alan e Schumacher demonstraram muito preparo. Jogaram como profissionais. O goleiro Renan Schumacher evitou pelo menos três gols do Cruzeiro. Já o arqueiro cruzeirense praticamente não trabalhou. Talvez numa falta ou num chute de meia distância.

De qualquer modo, ficou a sensação de que a Inter podia mais. E isso é bom. Tomara que sirva de lição para o profissional: não se abre mão de se atacar com velocidade nem se renuncia à ousadia por medo de tomar gols.