sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Crônica de uma escola muito louca

Vivemos uma época de engessamento da capacidade crítica dos professores.

Meu sobrinho estuda na terceira série. É um garoto muito inteligente. Ontem teve reunião de pais e mestres na escola onde ele estuda. A mãe não pôde ir, fui incumbido desta responsabilidade. Apesar de ser apenas um tio, levo a educação de meu sobrinho muito a sério. Sei como é difícil, principalmente quando se tem pouco dinheiro, manter-se firme na caminhada rumo ao curso superior. É preciso preparar o espírito desde a infância. Senão, inevitavelmente, o estudante que aspira ao diploma de faculdade vai pastar. Vai pastar muito.

Ao longo de minha jornada para ser educado conforme mandam os protocolos sociais, estudei em escolas medíocres. Tive muito professores abaixo da crítica. Obviamente, tive professores que honraram o guarda-pó. Mas a maioria era um desastre. Eu paguei o preço. Surgiram lacunas na minha educação. Quando chegou o momento de prestar vestibular, sem dinheiro para pagar cursinho, tive que estudar por conta própria. Eu já estava havia dois anos fora da escola. Trabalhava como prensista numa firma de retentores. Meu conhecimento estava em flagrante desequilíbrio.

Não vou ficar me alongando nessa história porque todo mundo tem seus dramas. Pau na máquina. Para chegar à faculdade foi um problema, manter-me nela foi outro. Mas eu adorava. Mesmo vivendo quatro anos numa pendura danada. O bom da coisa é que eu tinha uma pancada de amigo que torcia por mim. E, nos fins de semana, pagavam umas geladas com satisfação.

Fazer jornalismo foi uma coisa boa. Não pelo lado financeiro. Pelo lado humano. Quanto mais eu percebia o descalabro social neste país, mais eu sentia o sangue ferver. Aos poucos meu sangue virou suco. Mas isso é outro assunto.

O fato é que o jornalismo me abriu os olhos para questões muito sutis nos bastidores da organização social. De fato, atuar no jornalismo é uma opção ideológica. Ou você está do lado dos opressores, ou dos oprimidos. Simples assim.

Depois de tergiversar tanto, chego ao ponto principal da narrativa. Fui tomado de grande satisfação por participar da reunião. Me senti orgulhoso. Nada mais justo. Como sou, sem falsa modéstia, o maior responsável por meu sobrinho saber ler, escrever, navegar na internet, torcer para o Santos e gostar de rock, imaginei que minha presença fosse importante. Acho imprescindível que todos aqueles que participam do cotidiano de uma criança procurem estimulá-la a ampliar seus horizontes e se interessem pelo que ela aprende na escola. E eu me esforço nesse sentido.

Mas uma professora disse, quando eu já estava acomodado numa carteira, que só poderiam participar da reunião pais ou avós do estudante. Eu estava excluído. Só fiz uma observação, para não criar caso: “professora, perdoe minha ousadia, mas acho isso uma incoerência”. Ela respondeu, não sem certo constrangimento: “são ordens, não posso fazer nada”.

Sem dúvida professora. Ordens são ordens, mesmo que sejam absurdas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Palpiteiro

A nova polêmica envolvendo Neymar é o principal assunto do dia e várias pessoas ligadas ao futebol comentam a discussão do jogador com o treinador Dorival Júnior na partida do Santos contra o Atlético/GO. O meia Carlos Alberto, que trabalhou com o técnico durante toda a temporada passada no Vasco, falou sobre o fato e disse que confia no comandante para educar a ainda promessa do futebol brasileiro.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Em festa de aniversário também se faz autocrítica

Peço licença para publicar mais uma artigo que não está relacionado diretamente com esportes. Nos próximos dias voltaremos à programação normal. 

Cristiano Kock Vitta
Jornalista
Especial para o Jornal de Limeira
cristianokock@uol.com.br

A praga do autoelogio gerencial está solta. Tiraram-na das catacumbas da tecnocracia, que nem é tão especializada assim quando está relacionada à administração pública. A época é propícia para jactâncias políticas. Em Limeira, mais ainda. Aos “presentes populares” (consultas médicas, dentaduras, camisetas, sapatos, boca-livre), direcionados por fins eleitoreiros, soma-se a diversão das festividades de aniversário. Prato cheio para discursos de cooptação. Mas o clima também favorece a autocrítica. Quer situação mais ideal para lavar a roupa suja do que uma festa em família? Embora passível de constrangimento, o esforço para botar tudo em pratos limpos pode ter efeitos muito profiláticos. Mesmo que se restrinja a questões de foro íntimo.
As ponderações são sempre necessárias. Do contrário, estaremos limitando o alcance das idéias verdadeiramente originais. Sem reflexão, tem primazia o juízo puramente bajulatório. A originalidade está ligada à independência, que é o caminho lícito para se viver com dignidade.
Para se viver com dignidade, temos que exercer nosso direito de dar pitaco em tudo. Principalmente nas administrações públicas. Se um governo é refratário a ponderações, ele é burro. Priva-se do benefício da autocrítica. Desprezando a possibilidade de analisar criticamente seus atos, descamba para o autoelogio. O autoelogio é uma forma de proteção. Tem suas raízes no medo da verdade. Todo governante que acredita ser infalível tende a intimidar seus críticos. Às vezes, eles nem são adversários. Apenas chamam a atenção para possíveis falhas. Um governo sem autocrítica está fadado a ter apenas bajuladores à sua volta. E aí, infelizmente, é meio caminho andado para se tornar despótico.  
Se não nos sentirmos suficientemente alicerçados para exercer a plenitude da opinião, então a liberdade virou privilégio de apenas alguns grupos. O que é enganoso, porque liberdade não se estabelece a partir do pensamento de grupos ou de confrarias. Como escreveu Cecília Meireles no Romanceiro da Inconfidência: "Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda".
Portanto, temos que preservar a liberdade de ser inconvenientes quando necessário for. Se o rótulo for inevitável, não nos acabrunhemos. A vida é muito maior do que o julgamento que fazem de nós. 
Quando tudo parece encaixado é que precisamos aparar arestas. Relações entre governo e governados não são uma ciência exata. Nos bastidores do poder coadunam interesses de várias categorias. A complexidade destas relações exige permanente estado de vigília. Principalmente da imprensa.
É inegável que o governo Félix fez grandes conquistas. Mas nesta festa de aniversário, quando o prefeito estiver mais relaxado, ele deve fazer um exame de consciência. E conclamar seus súditos para, juntos, exercer seu direito inalienável à autocrítica. Deixar de lado os panegíricos que costumam rodear-lhe os passos e atentar, ao menos por alguns momentos, o que o incomoda no seu íntimo. Este é o primeiro passo para admitir, humildemente, que não existe infalibilidade.  
E que a população, mesmo num clima tão festivo e agradável, junte-se aos gerentes da cidade para fazer uma reflexão profunda sobre a atual conjuntura. Não estamos no paraíso. Há muito por fazer, principalmente na periferia de Limeira. Para nos impregnarmos deste amor profícuo uns pelos outros, exerçamos a autocrítica. Comamos o pão e brinquemos no circo, mas não nos esqueçamos da autocrítica. Para que nos sejam abertas sempre perspectivas positivas.
Assim agiu Santo Agostinho quando se converteu e se tornou referência atemporal de equilíbrio e virtude. Aproveito, inclusive, para sugerir aos leitores a aquisição de “Confissões”, presente na coleção que a Folha de S. Paulo lança a partir do próximo domingo.  Disse Santo Agostinho:
“Quero recordar as minhas torpezas passadas e as depravações carnais da minha alma, não porque as ame, mas para vos amar, ó Deus. É por amor do Vosso amor que, amargamente, chamo à memória os caminhos viciosos para que me dulcifiqueis, ó Doçura que não engana, doçura feliz e firme. Concentro-me, livre da dispersão em que me dissipei e me reduzi ao nada, afastando-me de Vossa unidade para inúmeras bagatelas”.
E que, neste aniversário de Limeira, possamos ter amor próprio suficiente para nos deleitarmos com os bens que são oferecidos e para rechaçarmos aquilo que impede o compartilhamento e a justiça social.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Guaraná com açaí

Um polígrafo
Cristiano Kock Vitta
Jornalista


Coluna publicada no Jornal de Limeira de hoje

Muito apropriado. Li a coluna da Nina Horta, na Folha de S. Paulo, enquanto almoçava. Sempre leio. É muito agradável. Ultimamente venho pegando gosto por fazer coisas agradáveis. Não sei por que motivo. Minha visão crítica deve ter regredido. Provavelmente, obra da alienação sistemática a que venho me submetendo voluntariamente. Bom, vamos ao que interessa. Terminei de ler o artigo e me senti intelectualmente refestelado. Nina havia preparado uma deliciosa crônica sobre a Coca-Cola.

Também já fui viciado nesta bebida. Por força das circunstâncias, porém, tive que abandonar o hábito. Até ontem (quinta-feira, 9 de novembro de 2010). Hoje, se não mudaram o calendário, é sexta-feira. Sexta-feira, 10 de novembro de 2010. Graças a Deus, a Buda e a Shiva. Ontem, foi quinta. Então, certamente, estou lúcido. Foi ontem mesmo que voltei a tomar refrigerante. Sete meses depois de uma dieta rígida. Não por influência de Nina. Mas por curiosidade. A curiosidade matou o gato, diz o ditado. No meu caso, atiçou o paladar.

Não tomei Coca-Cola, muito menos fui à escola. Sorvi, entretanto, goles modestos do novo guaraná Antarctica, que tem açaí na fórmula. Ou, pelo menos, o gosto do açaí. Que surpresa agradável! Antes de beber, cheirei o produto. Ótimo aroma. Lembrava vagamente jurubeba. Não a Solanum paniculatum L., propriamente dita. Falo da bebida, que eu apreciava nos bons tempos que era botequeiro. Eita, Leão do Norte! Jurubeba é tão boa que até o ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, fez uma música em sua homenagem.

Mas o lance aqui é guaraná. Guaraná com açaí. Uma delícia. Valeu a pena transgredir um pouquinho as recomendações médicas. Já se passaram seis meses de convalescença. Eu merecia um prazer politicamente incorreto após tanto tempo sob uma disciplina férrea. Dá vontade de beber de novo. Mas não precisei de muito esforço para me contentar com um copo. Hoje sou um homem mais consciente e feliz. Fruto, possivelmente, do egoísmo. Como dizia Raul, eu sou egoísta.

E o egoísmo nos leva a criar situações boas para nós. Driblei a disciplina, deixei o hedonismo me arrebatar, olvidei as dores do mundo, ignorei o horário político, viajei na maionese só por causa de uma dose de guaraná com açaí. Meu Deus! A que ponto a gente chega. Mas com a idade aprendemos a administrar a culpa. Nina gosta de coca. Eu gosto de guaraná. Principalmente por causa do cheiro. No copo, dá pra sentir bem o aroma de jurubeba. Ouça a música do Gil bebendo guaraná com açaí. Você vai entender tudo.

O que seria de nós se não nos permitíssemos pequenos prazeres inadequados? Talvez a vida se tornasse mais amarga que uma dose de jurubeba.


terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Brasil perdeu, mas é uma derrota que ensina os boleiros

Quando a Seleção Brasileira de Futebol perdeu para a Holanda e acabou eliminada da Copa do Mundo, lamentou-se a confusão ente raça e violência. O símbolo do destempero foi Felipe Melo.

Hoje a Seleção Brasileira de Basquete perdeu para a Argentina num jogo espetacular. Jogou com raça impressionante o tempo todo. Não apelou em nenhum momento. O destaque foi Marcelinho Huertas, um monstro na armação, na infiltração, na bola de três pontos.

Sem contar que o favorito aqui era a Argentina. Um timaço. Com um cara, chamado Scola, que ensina muita gente como se joga basquete.

A Argentina não é bolinho, amigo.

A geração que enverga a camisa verde-amarela neste momento, porém, é digna de todos os aplausos. Jogou muito, mas muito mesmo.

Huertas é o símbolo desta geração. Cabeça feita e coração alado. É assim que se joga. Mesmo na derrota, os torcedores reconhecem o esforço.

O Brasil ainda vai evoluir muito. E nos dará grandes alegrias no basquete.

Ingresso de graça e quase de graça pra ver a Inter de Limeira!

Promoção de ingressos para quarta-feira
Do site da Internacional de Limeira
e do Jornal de Limeira

Atenção torcedor leonino! A diretoria da Inter está fazendo mais uma promoção para jogo do Leão. O torcedor pagará R$ 2 pelo bilhete até quarta-feira às 18h. Na hora da partida, o ingresso custará R$ 10.

Os ingressos poderão ser adquiridos na bilheteria do Limeirão, na loja Esportes Avenida e na Banca Quarto Centenário.

E o Jornal de Limeira está também está fazendo uma bela promoção. Os primeiros dez assinantes que ligarem para o número 3404-5050 ganham o direito de assistir ao jogo de graça! Vai perder essa?  

O jogo será contra o Santacruzense, às 20h30.

Eu vou! E você?

VAIIIIIIII LEÃO!

Brasil e Argentina em duelo de gigantes no Mundial de Basquete

É hoje!



Os gigantes de Brasil e Argentina se encontram em quadra para decidir quem cresce e quem cai.

Quem tiver mais garra e humildade leva a classificação. Espero que seja o Brasil. No basquete, as máscaras costumam se equivaler. Falam que jogador de futebol é mascarado, mas no bola ao cesto a coisa não é muito diferente, não. O importante é não confundir autoconfiança com desprezo pelo adversário.

Este time brasileiro, porém, é uma equipe formada sob a égide da vontade. Alia técnica e raça.Vaidades ficaram para trás. Pelo menos, tem sido assim até agora.

Temos assistido aos jogos com entusiasmo. O Brasil parece estar renascendo para o basquete, que é um esporte muito emocionante.

Particularmente, torço muito para Leandrinho arrebentar. Ele tem potencial de líder, joga pra caramba. Mas, às vezes, some da partida. Por isso, torço que ele fique ligado o tempo todo. Aí, meu amigo, coitada da Argentina.

Claro que os outros jogadores são extremamente técnicos, guerreiros. Mas se Leandrinho jogar o que sabe, o espetáculo será mais bonito. Além disso, a Samara Felippo é um colírio para torcedores do mundo inteiro!
Vai Brasil!


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Constância é do Corinthians

Não, não se trata da candidata limeirense. Eu quis dizer que o Corinthians tem o time mais regular deste Campeonato Brasileiro.

Vi quase todas as partidas do Alvinegro de Parque São Jorge. Dou o braço a torcer: é um time que passa segurança para o seu torcedor. E joga, realmente, com garra.

No sábado, comecei torcendo pelo Goiás. Quando Júnior mandou a bala, comemorei como se fosse um gol do Santos. Caraca! O vice-líder estava perdendo pro pior time do campeonato!

A alegria durou pouco. Cinco minutos depois, eu já tinha certeza que o Timão afundaria o Goiás. Era um massacre. Impossível de se conter, ainda mais com a postura covarde da equipe dirigida por santo Jorginho, aquele que era o grilo falante de Dunga. Este é um país de conto de fadas realmente. Ou de terror, como queiram. Há fantasias para todos os gostos.

Voltemos ao Corinthians.

Veio o empate. E a virada. Quando fez dois a um, o Corinthians jogava com tanta gana, que me fez mudar de ideia. "Arrebenta mesmo com esse time de pernas-de-pau", revoltei-me, ante a tanta falta de iniciativa do Goiás.

O Corinthians atendeu o pedido, foi lá e detonou o Goiás. E segue firme na caminha rumo ao título brasileiro.

Em minha opinião, só o Santos, com Neymar, pode fazer frente ao Timão. O resto, mesmo o festejado Fluminense, não tem a constância tática e técnica do Corinthians. Que pode não ser um time encantador, mas é, com certeza, uma equipe que empolga seus torcedores.


sábado, 4 de setembro de 2010

Vi o título da Inter no fim do mundo

Eu morava em Barra do Turvo, na divisa com o Paraná, quando assisti ao jogo que consagrou a Internacional de Limeira como uma das principais equipes do País.

O Vale do Ribeira era, e ainda é, uma região esquecida pelo governo do Estado de São Paulo. Não é pujante como a região de Campinas. Lá, a economia gira basicamente em torno do chá e da banana. Mais recentemente, agregou-se ao cenário econômico o ecoturismo.

Em 1986, a situação era pior do que hoje. A BR-116 era notícia constante nos grandes jornais. Acabou apelidada de "rodovia da morte". As enchentes em Barra do Turvo e Registro também eram notícia. Bom, a coisa não era muito divertida, já que ao cenário de falta de infraestrutura e de desastres naturais, somava-se a precariedade dos serviços públicos do município.

Mas a gente da Barra do Turvo, simples, sofrida e naturalmente bem-humorada virou torcedora da Inter. Meu pai era professor e chegou a ser diretor da única escola da cidade. Fazia propaganda do time. E eu espalhava, entre meus amigos, que Limeira era gigantesca e a equipe dirigida por Pepe era melhor que o Santos de 84, o que causava muito espanto, já que todo mundo sabia que eu era santista fanático.

A primeira partida da final eu ouvi sozinho, pela Rádio Bandeirantes, se não me engano, narração de Fiori Giglioti e comentários de Dalmo Pessoa. Meus pais e minha irmã tinham ido à igreja. Com o rádio em cima da geladeira, sentado à mesa com olhos fixos no vazio, imaginando cada toque, cada jogada, eu torcia loucamente. Seria melhor assistir ao jogo pela televisão, mas a "religião não permitia", como costumava justificar cada vez que alguém perguntava por que me privava de ver "Os Trapalhões".

Mas a gente aprende a se virar quando quer muito uma coisa. Eu e meu pai éramos televizinhos famosos na cidade. Às vezes fazíamos visitas inusitadas a casas de amigos quando havia um filme legal ou um jogo de futebol impossível de perder. Este foi o caso da final de 86. Mas o Luís da prefeitura, nosso vizinho, já estava meio preparado. Quando batemos à sua porta, ele nem esperou a justificativa. Já havia petiscos e bebidas na mesinha do centro da sala. "Sou palmeirense, mas hoje estou torcendo pra Inter de Limeira, professor", disse ele a meu pai. Quando vi queijos e presunto numa bela travessa, deixei Luís falando com meu pai na porta e parti pra frente da televisão. O jogo da Inter já começava a render.

Foi um dia fenomenal. Uma comemoração simples, mas cheia de alegria. No final daquele ano, visitei meus parentes em Limeira e recebi poster, revista, jornal e camisa de meu tio Alcimar (ou Silmar, pra quem o conhecia dos campos do Amador, jogando pelo Fluminense ou pela Eletrointer. Meia-esquerda habilidoso e de chute potente, meu tio Silmar também é santista).

Quando cheguei à Barra do Turvo, desfilei uma semana com o manto alvinegro. Minha mãe precisou me dar uns tapas para poder pegar a camisa e enfiar no tanque de lavar roupa. O orgulho que senti, apesar da catinga da camisa, ficou na memória daquela gente tão sofrida, mas que torceu como nunca para um time de uma cidade tão distante por puro prazer de ver futebol bem jogado. E, também, claro, porque se sentiam um pouco representados por aquele escrete do interior. Afinal, a Inter foi o primeiro time do interior campeão Paulista, aquele que rompeu barreiras e superou todas as dificuldades da época. Foi, realmente, uma conquista inesquecível.

 Parabéns, Inter!
 

24 anos da maior conquista da Inter


Do site da Internacional de Limeira

(clique no link e vá direto para a página)

O mais otimista leonino ou cronista esportivo jamais botaria fé em um time que ficou na posição intermediária no ano anterior e ainda mais que perdera de goleada na primeira rodada do Campeonato Paulista de 1986. Pois bem, a façanha de ser o primeiro time do interior paulista a conquistar o Paulistão foi e, sempre será, o fato mais marcante de toda a história do Campeonato Paulista desde seus primórdios. Afinal, em 1986, a Internacional de Limeira foi o grande destaque nas principais emissoras de rádio e televisão e nos jornais impressos de todo o Brasil como campeã paulista ao derrotar o Palmeiras e calar milhares de torcedores no Morumbi.
Mas a história do título de 1986 começou de fato no ano anterior. O elenco foi praticamente mantido aliado à contratação de outros jogadores como Kita, Juarez, Alves, Manguinha, Gilson Gênio, entre outros, além da presença de um bicampeão mundial tanto pelo clube (o glorioso Santos Futebol Clube) quanto pela seleção: o técnico Pepe. Na primeira rodada, uma "sapecada" de 3x1 do Palmeiras, no Palestra Itália. Isso era prova de que o primeiro turno não seria dos melhores, mas, mesmo assim, ostentou a 6ª colocação, com 21 pontos. Quem já não botava fé, jamais imaginaria uma reviravolta com tamanho futebol entrosado, rápido, solidário e com toques refinados. E foi o que realmente aconteceu. Faltando apenas duas rodadas para terminar o segundo turno, a Internacional já havia assegurado o primeiro lugar assim como na classificação geral (turno e returno).

Nas semifinais enfrentou o Santos e venceu a primeira partida em plena Vila Belmiro por 2x0 e também a segunda partida no Limeirão por 2x1. Classificado para a final, a equipe limeirense enfrentou o Palmeiras, há 10 anos sem ganhar um título sequer e ainda com os dois jogos no Morumbi. O primeiro jogo foi no dia 31 de agosto e o placar foi de 0x0, com um público de 104.136 pagantes. O segundo e decisivo confronto, também no Morumbi, aos olhos de 64.564 pagantes e mais os milhares de credenciados, a Internacional venceu o Palmeiras por 2x1, com gols de Kita e Tato, em uma partida eletrizante e emocionante até os últimos minutos, quando o árbitro da partida Dulcídio Vanderley Boschilla decretou o fim da jornada. O esquadrão mais famoso da história do futebol do interior paulista foi: Silas; João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista;Tato, Kita e Lê. Ainda participaram da partida os jogadores Alves e Carlos Silva. Todos sob comando do técnico Pepe e presidência de Victório Marchesini.
Para sacramentar a conquista inédita, a Internacional ainda arrebatou a artilharia do campeonato com o centroavante Kita (24 gols), além de conquistar merecidamente um dos troféus mais cobiçado do futebol paulista: a Taça dos Invictos, promovido pelo então jornal "Gazeta Esportiva", ao ficar 17 partidas invictas, que antes estava em poder do Santos, com 15 partidas.

A campanha foi indiscutível. Em 42 jogos, foram 21 vitórias, 14 empates e sete derrotas. Foram anotados 59 gols e sofridos 33 gols. Para comprovar com dados, a seleção da imprensa, publicado no jornal Folha de S. Paulo tinha sete jogadores da equipe limeirense: Silas, Juarez, João Luis, Gilberto Costa, João Batista, Tato e Kita, os "intrusos" foram: zagueiro Vágner, do Palmeiras, lateral Nelsinho, do São Paulo, meia Pita, também do São Paulo e, atacante Mauro, da Ponte Preta. Por essa razão, a Internacional foi considerada a "Dinamarca Caipira" em alusão à seleção européia destaque da Copa do Mundo de 1986.
* "Obviamente, o Palmeiras era o favorito diante da Inter, até porque jamais um time do interior havia ganho um Paulistão, e mais ainda quando as duas finais foram marcadas para o Morumbi (sob a alegação que o estádio em Limeira não tinha condições para uma final), que se lotou de palmeirenses. No primeiro jogo, um 0 a 0, e na finalíssima, uma vitória por 2 a 1 para a Inter, materializaram a façanha histórica, além de condenar o Palmeiras ao seu décimo ano sem ganhar títulos".

O time titular da Internacional de Limeira era composto por: Silas; João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista; Tato, Kita e Lê. Técnico: Pepe.

*"Em compasso de espera", Marcelo Laguna, Placar número 895, 27/7/1987, Editora Abril, pág. 51


FINAL

Primeira partida: 31 de agosto - PALMEIRAS 0 x 0 AA INTERNACIONAL
Local: Estádio do Morumbi (São Paulo) Público pagante: 104.136
Segunda partida: 03 de setembro - PALMEIRAS 1 x 2 AA INTERNACIONAL
Local: Estádio do Morumbi (São Paulo) Árbitro: Dulcídio Vanderley Boschilla
Público pagante: 68.564 Renda: CZ$ 2.443.610,00

Gols: KITA aos 5, TATO aos 9 e Amarildo aos 29 minutos do segundo tempo;

PALMEIRAS: Martorelli, Diogo (Ditinho), Márcio, Amartildo e Denis; Lino (Mendonça), Gerson e Jorginho; Mirandinha, Edmar e Éder. Técnico: Carbone

INTERNACIONAL: Silas, João Luis, Juarez, Bolivar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves), Tato, Kita e Lê (Carlos Silva). Técnico: Pépe.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Santos afunda o Avaí

Foi uma dureza. Mas a raça santista prevaleceu.

A raça santista é mesclada por garra e talento.

Venceu a pancadaria, mais uma vez. Mas o Avaí não bate apenas. Também sabe jogar.

O desafio foi enorme. E o experiente Antonio Lopes, malandro, fez de tudo para demonizar o seu "pesadelo", o craque Neymar.

Alguns repórteres dão crédito a abobrinhas de bastidores. Outros não. Fiquemos com aqueles que estão antenados.

O importante é que o Santos ganhou mais uma posição. A tríplice coroa já faz parte das nossas ambições.

Podem bater, podem xingar, mas o talento de Neymar ninguém vai calar.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Jornal italiano mostra o esquema para o 'quadrado mágico' do Milan

'Gazzetta' encaixa Robinho, Ronaldinho, Pato e Ibra no mesmo time em sugestão para o técnico rossonero, Massimiliano Allegri

GLOBOESPORTE.COM
Milão, Itália

A capa da 'Gazzetta dello Sport' (Foto: Reprodução)A contratação de Robinho por parte do Milan foi o grande assunto nos jornais italianos desta quarta-feira. A tradicional "Gazzetta dello Sport" traz em sua capa a manchete "Robinho também", e exibe um campinho com o suposto esquema tático do novo Milan. Na frente, o "quadrado mágico", com Robinho centralizado e mais recuado, Pato e Ronaldinho abertos pelas pontas e Ibrahimovic como homem referência do ataque.
Ainda não se sabe se o técnico Massimiliano Allegri vai escalar os quatro jogadores juntos, mas o italiano terá ao menos de pensar no assunto. Afinal, o dono do clube, Silvio Berlusconi, vai pressionar para ver seus meninos de ouro em campo. Berlusconi, por sinal, fez seguidas críticas ao técnico Leonardo na temporada passada por achar que o brasileiro escalava Ronaldinho Gaúcho fora de posição.
Os sites de jornais de outros países também deram grande destaque à contratação de última hora de Robinho (a janela de transferências europeia fechou nesta terça). O "As", de Madri, destacou que o brasileiro vai medir forças com o Real, seu ex-clube, na Liga dos Campeões (as duas equipes integram o Grupo G).
Na Argentina, curiosamente, o título da matéria sobre Robinho foi "Tridente Mágico". Nossos hermanos preferiram destacar o trio brasileiro, com Robinho, Pato e Ronaldinho, deixando em segundo plano Ibrahimovic.