quinta-feira, 2 de julho de 2009

Time da Winner/Limeira acabou

Atual campeã paulista de basquete masculino, a Winner/Limeira deixou de existir. O empresário Cássio Roque anunciou ontem o fim do patrocínio à equipe que, no campeonato nacional deste ano, quase chegou às semifinais e se tornou a quinta melhor equipe do Brasil.

Os contratos com os jogadores e a comissão técnica se encerraram anteontem e não foram renovados. "A crise econômica mundial afetou muito o mercado. Desde então, venho pedindo ajuda às empresas e à prefeitura para tentar manter o time, mas, infelizmente, não consegui nada. Acho difícil, neste momento, surgir alguém interessado em patrocinar o basquete", disse ao Jornal de Limeira.

Proprietário da Imobiliária Roque Imóveis, juntamente com seu irmão Humberto, e da concessionária automotiva Winner, Cássio Roque bancava praticamente todas as despesas do time. O encerramento do patrocínio foi divulgado em nota oficial.

Um dos trechos diz "desde o início desta crise, setembro de 2008, que o mercado mudou radicalmente e as coisas ficaram bem mais difíceis, mas a despeito desta mudança e das dificuldades, nós, da Winner e Roque Imóveis, mantivemos todos os compromissos até 30 de junho" (leia a nota na íntegra nesta página).

Apesar do apoio de outros patrocinadores com materiais esportivos - como a Spalding - e da Unimed, na área médica, as cifras para manter uma equipe de ponta eram muito altas.

O Jornal de Limeira apurou que time como o Joinville - que eliminou a Winner nas semifinais do Novo Basquete Brasil (NBB) - gasta, em média, R$ 110 mil mensalmente. Considerada uma das melhores equipes do País, Joinville tem patrocínio da Ciser, Araldite, Univille, prefeitura e governo de Santa Catarina. Há também nove "apoiadores", entre os quais está a Unimed. A cidade catarinense tem população estimada em 490 mil habitantes.

Os altos salários da Winner, formada por jogadores de ponta (vários já participaram da Seleção Brasileira e outros, como Teichmann, Betinho e Fiorotto, convocados recentemente pelo técnico Moncho Monsalve) e a logística de viagens praticamente se tornaram inviáveis a partir da crise mundial.

O desmanche da equipe começou alguns dias depois da eliminação do NBB. Segundo o técnico Zanon, os atletas Bruno Fiorotto, Edu e Betinho foram para o Paulistano. Já Shamell e Luiz Fernando assinaram com o Pinheiros. O próprio Zanon foi sondado por Palmeiras e Brasília - time este que está disputando a contratação do astro Nezinho com o Joinville.

Em Joinville, é praticamente certa a contratação de Teichmann e Renato, remanescentes do grupo que conquistou o quinto lugar no NBB. Deste modo, permanece sem clube apenas o armador Eric Tatu.

Bastante abatido, o técnico Zanon disse que pretende continuar em Limeira, acreditando que surgirá um patrocínio forte para bancar o time da Associação Limeirense de Basquete (ALB) para o Campeonato Paulista. "Foi tão surpreendente (o anúncio de Cássio Roque) que ainda estou assimilando a notícia", afirmou o ex-técnico da Winner.

Zanon negou que alguma briga entre ele e o empresário patrocinador da Winner tivesse motivado a extinção do time. "De jeito nenhum. Não houve briga em hipótese alguma. Nossa relação continua muito boa", declarou.

Não deixou, porém, de lamentar que o basquete da Winner/Limeira tenha encerrado suas atividades. "Estávamos na luta pela procura de patrocínio e sempre imaginei que conseguiríamos. Hoje (ontem) é um dia muito triste, pois comecei neste projeto há oito anos, que, infelizmente, acabou. Estou muito chateado, pois acreditava que isso nunca aconteceria. Estava com esperança. Estou em Limeira há 16 anos e gostaria de ficar aqui, mas não sei o que será. Ainda não me reuni com o time para ver o que faremos", disse.

Sem resultados, prefeitura propõe novo nome de time

Após ter ficado em quinto lugar no Campeonato Brasileiro de Basquete, este ano chamado de Novo Basquete Brasil (NBB), a Winner/Limeira viu seu elenco se diluir nos últimos dias.

O anúncio do fim do patrocínio surpreendeu a todos, inclusive ao secretário de Esportes, Júlio César Florindo, que, em nota divulgada por meio da Assessoria de Imprensa da Prefeitura da Limeira, ontem à tarde, registrou que a sua pasta "ainda não foi notificada oficialmente sobre a situação da equipe limeirense de basquete e esperamos que continue realizando o bom trabalho que sempre desempenha.

Se algo vier a ocorrer, e a equipe chegar a ser extinta, será uma grande perda para o município, já que ela atua sempre levando o nome da cidade com o brilhantismo que possui".

O secretário de Planejamento, Ítalo Ponzo, porém, foi mais incisivo. Segundo ele, a cidade terá um time de basquete para disputar o Campeonato Paulista, que começa em agosto. "Talvez até melhor do que aquele que foi extinto", disse ao Jornal de Limeira. O novo nome seria Limeira Basquetebol.

O secretário é um dos responsáveis por uma frente formada pelo prefeito Silvio Félix para buscar patrocínio para o basquete profissional de Limeira desde o início do campeonato nacional. Até ontem, conforme Ponzo, somente Ajinomoto e Ripasa tinham "sinalizado" apoio. Esta ajuda financeira, porém, ficaria muito distante do ideal para se disputar um Campeonato Paulista.

O Jornal de Limeira apurou que a prefeitura faz um repasse de R$ 160 mil por ano para manter equipes de basquete no município, o que inclui equipes de base e feminino.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo empresário Cássio Roque

"Torcedores da Winner/Limeira, colaboradores, parceiros, amigos e limeirenses. É com muita tristeza, e até não acreditando que esse dia pudesse chegar, que comunico o encerramento das atividades da equipe de basquete da Winner/Limeira.

Desde o início desta crise, setembro de 2008, que o mercado mudou radicalmente e as coisas ficaram bem mais difíceis, mas a despeito desta mudança e das dificuldades, nós, da Winner e Roque Imóveis, mantivemos todos os compromissos assumidos até o dia 30 de junho e aqui aproveito para enaltecer meu irmão Humberto, que, apesar de não participar do dia-a-dia da equipe, manteve o patrocínio até esse mês.

Se me perguntarem, dentre todos os títulos e vitórias da Winner/Limeira, qual o mais importante, eu não teria dúvidas em responder que não foi o Campeonato da A2 de 2001 que deu acesso a A1, não foram os oito títulos consecutivos e invictos dos Jogos Regionais, não foi o Campeonato da NLB 2005/2006, precursor do NBB, não foram os dois títulos inéditos para nossa cidade dos Jogos Abertos do Interior 2006/2007 nem o Torneio Rosa Branca, Copa EPTV, nem tampouco o recente Campeonato Paulista de 2008/2009, mas diria que a maior vitória foi a manutenção com um mesmo patrocinador durante oito anos de uma equipe competitiva, disputando em igualdade de condições com os mais tradicionais clubes e cidades do Brasil, onde existe muito mais apoio ao esporte que em nossa cidade.

Assim, posso me orgulhar de ter contribuído para levar o nome de Limeira de maneira positiva por todo o Brasil, sendo a equipe considerada referência em termos de organização e estrutura dentro do basquete, tendo conseguido respeito, admiração e credibilidade entre dirigentes, técnicos e jogadores.

Convites de outros clubes e cidades para a transferência da equipe não faltaram, mas nosso amor a esta cidade nunca permitiu que estudássemos essas propostas - algumas delas de cidades vizinhas.

Agora, se me perguntarem, a maior derrota a resposta é óbvia, o dia de hoje, quando venho comunicar a toda cidade o fim do time.

Estou derrotado e me sinto fracassado, e sei que essa dor vai demorar para passar, mas o único consolo que tenho é que não faltou luta e dedicação na tentativa de manter o time, mas no atual momento que vivemos no País, sou obrigado a tomar algumas atitudes como empresário e rever investimentos.

Desde janeiro de 2009 que venho buscando ajuda junto a pessoas, empresas e instituições que pudessem dividir o fardo para mantermos a equipe, porém, até hoje, nada de concreto foi conseguido.

Estabeleci o dia 30 de junho como data-limite e devo dizer que os jogadores e comissão técnica do time esperaram até o último minuto do último dia e hoje, tristemente, os libero para seguirem suas carreiras em outras cidades. Times não faltam, pois para se ter uma ideia, tínhamos nessa equipe nada mais nada menos do que oito jogadores que já passaram ou estão na Seleção Brasileira.

Para mim, apesar de hoje, foram oito anos de muito trabalho e dedicação, onde consegui vitórias e derrotas, onde, às vezes, negligenciei minhas atividades profissionais e minha convivência familiar. Apesar disso, tive o apoio incondicional da minha esposa Érica e meus filhos Caio e Luca até o último momento. Quero aproveitar para agradecê-los e dizer que os amo muito.

Sei que essa talvez não tenha sido a melhor maneira de fazer esse comunicado, que deveria ser mais formal e lacônico, porém, essa é a minha maneira de ser e, encerrando, quero pedir desculpas à torcida Winner por não ter mais forças para continuar e agradecer a todos que, de alguma maneira, colaboraram para a criação e crescimento dessa grande família chamada Winner/Limeira".